Este final de semana fui surpreendido pela visita de um casal que faz corrente de orações nas casas e que foi trazido até minha residência por meu cunhado, Gilberto Morais. No bate-papo, a mulher[cujo nome prefiro não citar] me revelou que trabalha em uma cooperativa de serviços terceirizados pelo governo.
"Eles pegaram o nosso nome, o nosso endereço e ficaram de nos pagar na segunda-feira (29), um dia depois das eleições", contou a "irmã".
O pagamento aconteceu, segundo a senhora, R$ 25 e mais um dia de folga. Acrescentou que muitas amigas ficaram revoltadas por que esperavam algo em torno de R$ 100 ou R$ 150.
"Eu não votei no PT mesmo"! tentou se eximir.
Duas coisas me chamaram atenção neste caso. Primeiro, o fato de pessoas que se dizem evangélicas permitirem fazer parte de um esquema que é ilegal; o segundo, a forma como esse assunto vem se banalizando nas últimas eleições a ponto do dinheiro superar a verdadeira democracia.
Assisti a um vídeo onde uma Pastora literalmente "vende" o seu voto e os votos dos irmãos da Igreja. Uma louca inversão de valores.
Depois de todo esse cenário ainda assistimos políticos inescrupulosos preocupados com o número de pessoas que deixaram de votar. Em Rio Branco, no segundo turno, mais de 40 mil não se sentiram estimulados a escolher o novo gestor. No Brasil, foram seis milhões. Essa é a segunda maior abstenção da história.
O que você avalia? Me perguntou um deputado estadual que também me visitou neste final de semana, acompanhado do Roberto Vaz e do jornalista Ray Melo. Como o deputado é ligado à Frente Popular, me reservo ao direito de não revelar seu nome.
Mas acredito que um sentimento de desconfiança se instalou na política do Acre. A corrupção, o sentimento de impunidade tem gerado cidadãos apáticos, pessoas desiludidas, desacreditadas, sem disposição de participarem da política.
Como se explica o caso da "irmã" que mesmo grudada à Bíblia se sujeita a vender o seu voto? A abstenção nesta eleição mostra que o cidadão brasileiro ainda não está preparado para a política.
Ou seja, estamos esquecendo a nossa própria história, a importância de sermos seres transformadores desse meio, dessa realidade.
Algo precisa ser feito e urgente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário